terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Televisão e comportamento infantil

Documentário sobre o consumo infantil (instituto Alana)


"Este documentário[...] mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil convencer uma criança do que um adulto, então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falam diretamente com elas. O resultado disso é devastador: crianças que, aos cinco anos, já vão à escola totalmente maquiadas e deixaram de brincar de correr por causa de seus saltos altos; que sabem as marcas de todos os celulares mas não sabem o que é uma minhoca; que reconhecem as marcas de todos os salgadinhos mas não sabem os nomes de frutas e legumas. Num jogo desigual e desumano, os anunciantes ficam com o lucro enquanto as crianças arcam com o prejuízo de sua infância encurtada. Contundente, ousado e real este documentário escancara a perplexidade deste cenário, convidando você a refletir sobre seu papel dentro dele e sobre o futuro da infância."


Como faz tempo que eu não assisto t.v., não sei como está a propaganda, mas me lembro bem de como elas foram importantes pra eu decidir o que encher o saco pra comprar e como elas se aproveitavam da falta de discernimento infantil. Não sei qual foi o brinquedo, mas uma vez, assistindo televisão, havia uma propaganda  na qual o produto dava super-poderes e eu queria apenas por isso; evidente que não dava coisa nenhuma, mas o fabricante levou o dele...


sábado, 26 de dezembro de 2009

Subjetividade Positivista

Lendo um trecho de um clássico livro de metodologia da história de Langlois e Seignobos, "Introdução aos Estudos Históricos", fiquei impressionado com a lucidez dos dois autores. A "escola" de história a que eles pertencem é conhecida vulgarmente como positivista, sobretudo por conta dos ataques da primeira geração da École de Annales, mas a crítica mais recente chama-os de historicistas.

Quem já ouviu falar um pouco de positivismo sabe a fé que o conjunto de idéias alocada sob este nome depositava na racionalidade e na objetividade. Atingir a verdade era apenas uma questão de método, esforço e tempo. Mas uma leitura destes autores tão malhados como positivistas deixa transparecer outros elementos a respeito do que era o estudo de história para eles. A lucidez com que eles afirmam que os fatos históricos são para os historiadores "fenômenos puramente intelectuais" ou "simples imagens representativas" é algo que poderia ser dito por qualquer pós-moderno, pós-estruturalista. Em outro trecho apontam o problema das palavras que poderia ser bem o trecho de um livro de alguém que escreve sob os auspícios da "virada linguística", pondo em cheque a língua, seja ela qual for, para expressar a realidade:

[...]a língua é de tal modo indecisa que não nos é possível chegar a um acordo sequer em relação aos elementos necessários do fenômeno. Que é uma tribo, um exército, uma indústria, um mercado, uma revolução?

Evidente que tais trechos não representam a esperança que os autores põe na descoberta de coisas verossímeis, mas apontam indiretamente para um problema complexo e em aberto, um problema que se imagina normalmente como contemporâneo, mas que reside na longa duração do pensamento ocidental. A possibilidade de se chegar à verdade.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Der Wandrer (O Andarilho)

Na melhor linguagem para se falar com os cavalos


Es geht ein Wandrer durch die Nacht
Um andarilho vai pela noite
Mit gutem Schritt;
A passos largos;
Und krummes Thal und lange Höhn --
Só curvo vale e longo desdém
Er nimmt sie mit.
São seus encargos.
Die Nacht ist schön --
A noite é linda -
Er schreitet zu und steht nicht still,
Mas ele avança e não se detém.
Weiß nicht, wohin sein Weg noch will.
Onde vai seu caminho ainda?Nem sabe bem.


Da singt ein Vogel durch die Nacht:
Um passarinho canta na noite:
'Ach Vogel, was hast du gemacht!
"Ai, minha ave, que me fizeste!
Was hemmst du meinen Sinn und Fuß
Que meu sentido e pé retiveste,
Und gießest süßen Herz-Verdruß
E escorres mágoa de coração
In's Ohr mir, daß ich stehen muß
Tão docemente no meu ouvido,
Und lauschen muß -- --
Que ainda paro e presto atenção?
Was lockst du mich mit Ton und Gruß?' --
- Por que me lanças teu chamariz?"-


Der gute Vogel schweigt und spricht:
A boa ave se cala e diz:
'Nein, Wandrer, nein! Dich lock' ich nicht
"Não, andarilho! Não é a ti, não,
Mit dem Getön --
Que chamo aqui com a canção -
Ein Weibchen lock' ich von den Höhn --
Chamo uma fêmea de seu desdém -
Was geht's dich an?
Que importa isso, a ti também?
Allein ist mir die Nacht nicht schön.
Sozinho, a noite não está linda
Was geht's dich an? Denn du sollst gehn
Que importa a ti? Deves ainda seguir,
Und nimmer, nimmer stille stehn!
E nunca, nunca, nunca parar!


Was stehst du noch?
Ficas ainda?
Was that mein Flötenlied dir an,
O que te fez minha flauta mansa,
Du Wandersmann?'
Homem da andança?"
Der gute Vogel schweig und sann:
A boa ave se cala e pensa:
'Was that mein Flötenlied ihm an?
"O que lhe fez minha flauta mansa,
Was steht er noch? --
Que fica ainda?
Der arme, arme Wandersmann!'
O pobre, pobre homem da andança!"


Nietzsche

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Metablog

Engraçado como a forma e o meio acabam forçando o conteúdo. Quando pensei em ter um blog - que já no primeiro dia se tornou mais de um - queria  escrever algo que pudesse ser sincero, natural, quase espontâneo...aquela coisa meio romântica e batida de ser você mesmo.

Mas ao começar, senti a força do lugar, do risco, do medo, do desejo e o problema se instala: dizer o que pensa e, ao mesmo, tempo dizer coisas que sejam interessantes para que os outros desejem ler; some-se ainda o risco de dizer algo que possa criar uma situação embaraçosa, para usar um eufemismo.

Acho que isso faz parte dos problemas que todos os que escrevem publicamente de forma mais pessoal enfrentam, se equilibrando...contando as coisas de um jeito mais lírico, ficando horas pensando em como produzir um belo texto para fruição dos possíveis leitores, algumas pessoas sendo completamente espontâneas, sem pensar em nenhum tipo de conseqüência positiva ou negativa, outros se negando a deixar todos os textos públicos ou no anonimato...

Acho que a vantagem, ao menos deste blog é de que ele vai tratar de assuntos menos pessoais...