sábado, 26 de dezembro de 2009

Subjetividade Positivista

Lendo um trecho de um clássico livro de metodologia da história de Langlois e Seignobos, "Introdução aos Estudos Históricos", fiquei impressionado com a lucidez dos dois autores. A "escola" de história a que eles pertencem é conhecida vulgarmente como positivista, sobretudo por conta dos ataques da primeira geração da École de Annales, mas a crítica mais recente chama-os de historicistas.

Quem já ouviu falar um pouco de positivismo sabe a fé que o conjunto de idéias alocada sob este nome depositava na racionalidade e na objetividade. Atingir a verdade era apenas uma questão de método, esforço e tempo. Mas uma leitura destes autores tão malhados como positivistas deixa transparecer outros elementos a respeito do que era o estudo de história para eles. A lucidez com que eles afirmam que os fatos históricos são para os historiadores "fenômenos puramente intelectuais" ou "simples imagens representativas" é algo que poderia ser dito por qualquer pós-moderno, pós-estruturalista. Em outro trecho apontam o problema das palavras que poderia ser bem o trecho de um livro de alguém que escreve sob os auspícios da "virada linguística", pondo em cheque a língua, seja ela qual for, para expressar a realidade:

[...]a língua é de tal modo indecisa que não nos é possível chegar a um acordo sequer em relação aos elementos necessários do fenômeno. Que é uma tribo, um exército, uma indústria, um mercado, uma revolução?

Evidente que tais trechos não representam a esperança que os autores põe na descoberta de coisas verossímeis, mas apontam indiretamente para um problema complexo e em aberto, um problema que se imagina normalmente como contemporâneo, mas que reside na longa duração do pensamento ocidental. A possibilidade de se chegar à verdade.

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